por Frantz Fanon
Introdução ao livro Sociología de una revolución.
A guerra da Argélia logo iniciará seu sexto ano. Em novembro de 1954, nem entre nós nem no resto do mundo, se suspeitava que seria necessário lutar durante 60 meses antes de lograr que o colonialismo francês cedesse em sua opressão e permitisse que a voz do povo argelino se fizesse escutar.
Nenhum câmbio político foi apresentado depois de 5 anos de luta. Os responsáveis pela política da França seguem proclamando que a Argélia é francesa.
Essa guerra mobilizou a totalidade do povo, e o obrigou a investir massivamente suas reservas e recursos mais ocultos. O povo argelino não se concedeu nem um instante de respiro, entre outras razões, porque o colonialismo ao qual se enfrenta não permitiu.
É preciso dizer que a guerra da Argélia é a mais alucinante que povo algum empreendeu para romper o domínio colonial. Seus adversários afirmam frequentemente que a revolução argelina é levada a cabo por pessoas sanguinárias. Por outro lado, os democratas que simpatizam com ela, lhe acusam de haver cometido erros.
É certo que alguns cidadãos argelinos não seguiram as diretivas dos organismos dirigentes, que surgiu problemas que deveriam ter sido evitados em solo nacional; mas por outro lado, tais incidentes foram produzidos sempre em relação a outros cidadãos argelinos.
Mas então, o que fez a Revolução? Fugiu de suas responsabilidades? Por acaso não foram penalizados esses atos que poderiam alterar o mais autêntico significado do nosso combate? Não mencionou Ferhat Abbas, presidente do Conselho do GPRA¹, as medidas, às vezes capitais, que tomou a direção revolucionária?
Quem não será capaz de compreender, desde o ponto de vista psicológico, a razão que faz surgir os violentos arrebatamentos contra os traidores ou os criminosos de guerra? Os homens que lutaram no Primeiro Exército francês recordaram com repugnância durante muito tempo os justiceiros de última hora que descarregavam suas armas contra os colaboradores. Quem lutou na ilha de Elba, aqueles que participaram na campanha da Itália e no desembarco efetuado em Toulon, se revoltaram contra estes “ajustes de contas” fratricidas, ilegais e, às vezes, aplicados de forma vergonhosa. Entretanto, não recordamos que tenha havido sentenças contra guerrilheiros por execuções sumárias, precedidas de torturas, de civis desarmados.
Nos momentos em que o povo sofria o assalto massivo do colonialismo, a Frente de Libertação Nacional não vacilou em proibir algumas formas de ação, e recordou constantemente às unidades as leis internacionais de guerra, porque em uma guerra de libertação, o povo colonizado deve triunfar, mas a vitória deve ser obtida sem “barbárie”. O povo europeu que tortura é um povo degradado, traidor de sua história. O povo subdesenvolvido que tortura afirma sua própria natureza, se comporta como subdesenvolvido. O povo subdesenvolvido tem a obrigação, se não quer se ver condenado moralmente pelas “nações ocidentais”, a praticar o fair-play, enquanto o seu adversário pode dedicar-se, com a consciência absolutamente tranquila, ao descobrimento ilimitado de novos métodos de terror.
O povo subdesenvolvido deve mostrar, ao mesmo tempo, por sua capacidade combativa, a possibilidade que tem para se converter em nação; e pela pureza de cada uma de suas atitudes deve mostrar a todos que é, até em seus menores detalhes, o povo mais transparente e dono de si que possa existir. Mas tudo isso não é coisa fácil.
Enquanto que na região de Mascara, faz exatamente seis meses, mais de 30 combatentes sitiados e sem munições, depois de haver lutado com pedras, foram feitos prisioneiros e executados, em outro setor um médico argelino enviou um grupo à fronteira para conseguir urgentemente os únicos medicamentos que poderiam salvar a vida de um prisioneiro francês. No trajeto, dois combatentes argelinos foram mortos. Outras vezes foram enviados soldados para efetuar ações de diversão que permitiram que um grupo de prisioneiros chegasse são e salvo à comandância da região.
Os ministros franceses Lacoste e Soustelle publicaram fotografias com a clara intenção de denigrir nossa causa. Algumas dessas fotografias mostram certas ações de membros da nossa Revolução; outras exibem alguns dos muitos crimes cometidos por Bellounis e os harkis² armados pelo exército francês. Mas sobretudo e de forma decisiva, aí estão as dezenas de milhares de argelinos e argelinas vítimas dos soldados franceses.
Não; de nenhuma maneira é verdade que a Revolução tenha ido tão longe como o colonialismo.
Apesar disso, não justificamos as reações imediatas de nossos compatriotas. Compreendemos, mas não podemos desculpá-las ou esquecê-las.
Posto que desejamos uma Argélia democrática e transformada; posto que não acreditamos que seja possível se elevar e se liberar em um setor e decair em outro, condenamos com verdadeiro pesar nossos irmãos que se lançaram à ação revolucionária com a brutalidade quase fisiológica que provoca e cultiva a opressão secular.
As pessoas que nos condenam ou nos reprovam por essas sombras que obscurecem a Revolução ignoram o drama atroz que se apodera do responsável que se vê na obrigação de condenar, por exemplo, um compatriota culpado de ter matado um notório traidor – ou, pior ainda, a uma mulher ou uma criança – sem haver recebido ordem para fazê-lo. Este homem, que deve ser julgado sem códigos nem leis e somente de acordo com a consciência que cada qual tem do que deve ser feito e do que está proibido, não é um homem novo nos grupos de combate. Pode ter dado por muitos meses provas irrefutáveis de abnegação, de patriotismo e de valor. Mas é necessário submetê-lo a juízo, porque o responsável local deve aplicar as normas dadas a respeito. Às vezes é indispensável que esse responsável se erija acusador, quando os outros membros da unidade não aceitam a missão de acusar a seu irmão ante o tribunal revolucionário.
Não é tarefa fácil dirigir com um mínimo de erros a luta de um povo convulsionado por 130 anos de dominação, contra um inimigo tão decidido e feroz como o colonialismo francês.
Christiana Lilliestierna, jornalista sueca, entrevistou em um acampamento a alguns dos milhares de argelinos refugiados. Eis aqui um extrato de sua reportagem:
“O seguinte da fila é um menino de 7 anos marcado pelas profundas feridas que lhe causou um fio de aço com o qual lhe imobilizaram enquanto os soldados franceses torturavam e assassinavam aos seus pais e irmãs. Um tenente o obrigou a manter os olhos abertos, a fim de que visse e recordasse o espetáculo por muito tempo…
“Esse menino foi transportado por seu avô durante cinco dias e cinco noites antes de chegar ao campo.
O menino me disse: só desejo uma coisa: poder cortar um soldado francês em pedacinhos, em muitos pedacinhos.”
Bem, é possível considerar fácil que um menino de 7 anos esqueça o assassinato de seus pais e sua sede de vingança? Toda a mensagem que deixará a democracia francesa será essa criança órfã que cresce em uma atmosfera de juízo final?
Ninguém supôs que a França defenderia encarniçadamente durante 5 anos este vergonhoso colonialismo que somente tem paralelo, no mesmo continente, com o da África do Sul. E ninguém suspeitava que o povo argelino se instalaria na História com tamanha intensidade.
Mas é necessário evitar a ilusão. As gerações que chegam não são nem mais brandas nem estão mais fatigadas do que as que desencadearam a luta. Pelo contrário, há um endurecimento e uma vontade de estar à altura das “dimensões históricas”, e a preocupação de não desperdiçar a vida de centenas de milhares de vítimas. Também se tem a medida exata das dimensões do conflito, das amizades e solidariedade, dos interesses e contradições do universo colonialista.
“Ter um fuzil, ser membro do Exército de Libertação Nacional é a única possibilidade que tem o argelino de dar sentido a sua morte. A vida sob a dominação estrangeira, há muito tempo que carece de significado…”
Quando o governo argelino faz tais declarações, não é por erro ou “extremismo”. Só expressa uma verdade evidente.
No que se refere ao povo argelino, diremos que existe na Argélia uma situação irreversível. O próprio colonialismo francês compreendeu isso e tenta seguir anarquicamente o movimento histórico. Na Assembleia Nacional Francesa fazem ato de presença 80 deputados argelinos. Mas hoje tal coisa não serve para nada.
A Assembleia única foi aceita pelos ultras, ainda que em 1959 essa decisão resulta irrisória ante as dimensões extraordinárias que alcançou a consciência nacional argelina. Interrogue a qualquer homem ou mulher do mundo e pergunte a eles se o povo argelino não conquistou vinte vezes o direito de ser independente. Em 1959, ninguém exceto os franceses que arrastaram seu país a esta horrível aventura, deixa de aspirar o fim da matança e o nascimento da nação argelina.
Enfim, não há nenhuma saída à vista e sabemos que o exército francês prepara para os próximos meses uma série de ofensivas. A guerra continua.
Por isso os homens têm o direito de se perguntarem acerca dos motivos dessa obstinação. Temos o dever de compreender esta imersão na guerra que recorda por uma infinidade de razões a complacência com a morbidade. Nós desejamos poder mostrar, nesse primeiro estudo, que sobre a terra argelina nasceu uma nova sociedade. Hoje, os homens e mulheres de Argélia não se parecem com aos de 1930, aos de 1954, aos de 1957. A velha Argélia morreu.
O sangue inocente que palpita nas artérias do solo nacional, deu nascimento a uma nova humanidade, e ninguém deve ignorar isso.
Depois de haver afirmado que não “entregaria aos árabes um milhão de seus filhos”, a França proclama hoje que não abandonará jamais o Saara e seus recursos. É evidente que tais argumentos não têm nenhum valor para o argelino, que responde que a riqueza de um país não pode justificar sua opressão.
Nós demonstraremos que a forma e o conteúdo da existência nacional já existem na Argélia e que é impossível uma regressão. Enquanto que em muitos países coloniais a independência de um partido nutre progressivamente a difusa consciência nacional de um povo, na Argélia é a consciência nacional, a miséria e o terror coletivos que impulsionam inevitavelmente o povo a tomar em suas mãos a direção de seu próprio destino.
Argélia é virtualmente independente, os argelinos já se consideram soberanos.
Só falta que a França reconheça, e isso é, sem dúvida, o mais importante. Mas também aquele sentimento é importante. E deve ser conhecido, já que limita de forma radical as esperanças militares e políticas do colonialismo francês.
Por que o governo francês não termina com a guerra da Argélia? Por que se nega a negociar com os membros do governo argelino? Essas são as perguntas que em 1959 um homem honesto está obrigado a fazer-se.
Não basta dizer que o colonialismo ainda é poderoso na França. Tampouco é suficiente afirmar que o Saara modificou os termos do problema.
Tudo isso é verdade, mas há ademais outra coisa. Nos parece que na Argélia o ponto capital, no qual se chocam as boas vontades e os governos franceses, é representado pela minoria europeia. Por isso, consagramos um capítulo para tal tema.
Argélia é uma colônia de pessoas. A última colônia de pessoas que se fez famosa é a da África do Sul; já sabemos em que sentido.
Os europeus da Argélia não perderam a esperança de romper com a França e impor sua lei de bronze aos argelinos. É a única constante da política colonialista na Argélia. Hoje, o exército francês está seduzido pela ideia. Portanto, não devemos levar a sério os rumores de paz que surgem aqui e ali.
A França deixará a Argélia em paz reforçando seu domínio sobre ela ou rompendo com o feudalismo europeu da Argélia. Além dessas duas soluções, seria preciso que a paz fosse imposta internacionalmente pelas Nações Unidas ou militarmente através das próprias forças argelinas.
É fácil ver que a paz não é para amanhã. Demonstraremos também que a França não pode começar novamente seu domínio sobre a Argélia. Ainda que este domínio seja reduzido e dissimulado. O governo francês está obrigado a condenar algumas centenas de criminosos de guerra ou a encobrir cada vez mais o genocídio ensandecido com a Argélia.
Não podemos sorrir quando as autoridades francesas declaram que “a rebelião conta com 25 mil homens”. Do que valem as cifras em confrontação com a santa e colossal energia que mantém em ebulição a todo um povo? Ainda que provarem que nossas forças não são superiores a 5 mil homens mal-armados, que valor poderia ter essa prova? Se contássemos com um milhão de homens armados seguiriam multiplicando-se os descontentes e irritados. Centenas de milhares de argelinos e argelinas não perdoariam aos responsáveis por não tê-los alistado, por deixá-los desarmados. O que seria do governo argelino se não tivesse o povo por detrás?
As autoridades francesas reconheceram recentemente, em caráter oficial, a existência de um milhão de argelinos desalojados, reagrupados. Queriam afastar o exército do povo. Desejavam, segundo parece, evitar a “deterioração da Argélia”. Mas até onde é possível chegar?
Um milhão de reféns concentrados e eis aqui que os próprios franceses soam o alarme: “os medicamentos não atuam sobre essas multidões, tão profunda é sua destruição fisiológica”. E então? O colonialismo luta por reforçar seu domínio e a sua exploração humana e econômica. Procura também manter idênticas a imagem que tem do argelino e a imagem desvalorizada que o argelino tinha de si mesmo. Entretanto, desde há muito tempo isso é impossível.
A nação argelina não se situa no futuro. Não é o produto de uma imaginação turva e cheia de fantasmas. Está no centro mesmo do novo homem argelino. Há uma nova natureza do homem argelino, uma nova dimensão de sua existência.
A tese que afirma que os homens se transformam no momento mesmo em que modificam o mundo, nunca foi tão evidente como na Argélia. Essa prova de força não somente remodela a consciência que o homem tem de si mesmo, senão também a ideia que tem de seus antigos dominadores e do mundo, por fim ao seu alcance.
Essa luta em diferentes níveis renova os símbolos, os mitos, as crenças e a emoção de um povo. Na Argélia assistimos o homem posto em marcha.
Quem pode deter esse movimento essencial? Não vale mais abrir os olhos e ver o que há de grandioso e natural nesse processo?
Vivemos ainda em tempos que o homem deve lutar ou morrer para ter o direito a se converter em cidadão de uma nação?
Não é grotesca, humilhante e obscena a dicotomia franceses-muçulmanos?
Essa miséria e essa indignidade consentida e alimentada a cada manhã, não dão pretextos verdadeiros para os crimes mais refinados?
Não há, nesta terra, vontades suficientes para impor a razão à desrazão?
O general Challe proclama que não deve ser descartada a eventualidade de uma vitória sobre a rebelião. Não ironizemos. Todos os generais no comando de todas as guerras coloniais repetem a mesma coisa, mas será que não compreendem que nenhuma rebelião jamais foi vencida? O que significa vencer uma rebelião?
Tentaram vencer a UPC³, mas não foi concedida a independência a Camarões? A única diferença é que o colonialismo, antes de ir, multiplicou as traições, as prevaricações e os rancores no seio do povo camaronês. O futuro de Camarões está hipotecado por vários anos devido a uma política nefasta e aparentemente sutil.
Desejamos mostrar nestas páginas que o colonialismo perdeu definitivamente o jogo na Argélia, enquanto que os argelinos ganharam de forma absoluta.
Esse povo, perdido para a História, que encontra uma bandeira e um governo, e que tem sido reconhecido por muitos Estados, não pode retroceder agora. Esse povo analfabeto que escreve as páginas mais belas e mais emotivas da luta pela liberdade não pode retroceder nem se calar.
O colonialismo francês deveria saber essas coisas. Não pode ignorar que o governo argelino é capaz de mobilizar em qualquer momento a todos os argelinos. Inclusive os recém-eleitos para cargos públicos, inscritos à força nas listas eleitorais da administração, se demitiriam se assim ordenasse a FLN. Nem sequer os deputados do 13 de maio poderiam resistir muito tempo à nova autoridade nacional. Então o quê? Um exército pode reconquistar em um dado momento o terreno perdido, mas como reinstalar na consciência de um povo o complexo de inferioridade, o medo e o desespero? Como supor que os argelinos “voltem para suas casas”, segundo o convite ingênuo do general de Gaulle?
Que sentido pode ter essa frase para um argelino de hoje?
O colonialismo ignora os verdadeiros elementos do problema. Se imagina que o nosso poder se mede pelo número de nossas metralhadoras. Isso era verdade durante os primeiros meses de 1955. Hoje, já não é.
Em primeiro lugar, porque há outras circunstâncias que pesam sobre a História. Ademais, porque as metralhadoras e os canhões não são mais armas exclusivas dos ocupantes.
As duas terceiras partes da população do mundo estão dispostas a dar para a Revolução tantas metralhadoras quanto sejam necessárias. E se o outro terço assim não faz, de maneira alguma é por desacordo com a causa do povo argelino. Pelo contrário, essa outra terceira parte deixa saber constantemente que o povo argelino conta com o seu apoio moral. E essa porção do mundo procura expressar isso de forma concreta.
O poder da Revolução argelina reside, de agora em diante, no câmbio radical que se produziu no próprio homem argelino.
O general de Gaulle, dirigindo-se aos ultras da Argélia, declarava há pouco que “a Argélia dos pais está morta”. Isso é certo. Entretanto é preciso ir mais longe.
Também está morta a Argélia do irmão mais velho. Há uma nova Argélia, uma nação argelina, um governo argelino. Mais cedo ou mais tarde será necessário se render a essas evidências.
Nestas páginas veremos os câmbios ocorridos na consciência do argelino. E veremos as fissuras a partir das quais se remodelou a sociedade europeia da Argélia. Na realidade, assistimos a agonia lenta, mas certa, da mentalidade colonialista.
Daí a tese que repetiremos com frequência: a morte do colonialismo é, de uma só vez, a morte do colonizado e a morte do colonizador.
As novas relações não consistem na substituição de uma barbárie por outra barbárie, de uma destruição do homem por outra destruição do homem. O que nós argelinos desejamos é descobrir o homem por trás do colonizador; esse homem, a uma só vez organizador e vítima de um sistema que lhe havia sufocado e reduzido ao silêncio. Em relação a nós, desde há muitos meses reabilitamos o homem colonizado da Argélia. Arrancamos o argelino da opressão secular e implacável. Nos colocamos de pé e avançamos. Quem pode nos reinstalar na servidão?
Desejamos uma Argélia aberta a todos, propícia a todos os gênios.
Desejamos e faremos. Não acreditamos que exista força capaz de impedir.
Frantz Fanon
Julho de 1959
1. GPRA: Governo Provisório da República Argelina
2. Bellounis foi um líder da FLN (Frente de Libertação Nacional) que posteriormente passou para o lado dos franceses. Harkis é um termo genérico para designar os argelinos que serviam às forças armadas francesas.
3. União das Populações do Camarões.
> traduzido por Adrian para o elsur.noblogs.org – entre em contato caso tenha encontrado algum erro na tradução.